Você está sentindo sensações ruins que aparecem do nada? Quer melhorar e não sabe como?
A ansiedade é considerada normal e benéfica quando é ativada por um perigo real e desaparece quando este não é mais presente. É funcional porque promove comportamentos adequados que favorecem o auto-crescimento e a sobrevivência.
O ponto central dos transtornos de ansiedade é a preocupação por um perigo e a resposta a esse. A ânsia e o terror que esta preocupação desencadeia podem chegar ao nível que levam as emoções fora do controle.
Quando o ponto focal não é um perigo real, mas uma percepção errada ou uma sua exageração, o problema principal é representado pelos esquemas cognitivos inapropriados relativos ao perigo.
Antes que a pessoa seja consciente da situação, o fluxo sensorial de um estímulo passa por muitos extratos de seleções, interpretações e avaliações na massa neuronal do sistema nervoso. O sujeito não realiza esse processo de forma intencional, ponderada e lógica. Este é influenciado pela interação de predisposições, aprendizados passados e memórias. À medida que a sensação de perigo aumenta, mais respostas primárias (automáticas, inconscientes, involuntárias) são ativadas, estabelecendo um círculo vicioso.
O sujeito tem a capacidade de criar o medo antes mesmo do evento acontecer e mantém uma associação baseada nas experiências passadas. O ansioso é tão sensível a qualquer tipo de estímulo que possa ser relacionado com desastres ou danos potencialmente iminentes, que está constantemente em estado de alerta contra isso.
Façamos um exemplo: um estudante ansioso, semanas antes do exame, pensa conseguir um bom resultado (esta é provavelmente uma avaliação realística sobre a sua preparação). Aproximando-se à prova, a possibilidade de não conseguir uma boa nota entra nos seus pensamentos e a sua orientação começa a apontar para as consequências da reprovação, a sua auto-estima abaixa e ele se sente vulnerável. A atenção do estudante é focada nas suas possíveis fragilidades, omissões na exposição do material, falta de compreensão, dificuldade em expressar o que aprendeu. À medida que aumenta a ameaça de reprovação, aumenta a sua ansiedade e pode levá-lo a aumentar os esforços para estudar os assuntos do programa.
No dia do exame o set cognitivo do estudante é comprometido no sentido de ver as questões intransponíveis de um lado e seus recursos mínimos do outro. Se as perguntas forem realisticamente difíceis, a discrepância entre elas e seus recursos pode ser grande. Nesse ponto, sua mente pode ficar “em branco”, ter dificuldade em acessar o material estudado, e a sua capacidade de raciocínio encontrar-se paralisada.
O sujeito com grave ansiedade de exames (ou de enfrentar situações específicas) é incapaz de diminuir ou modificar o set de vulnerabilidades. Continua a funcionar a dois níveis: Um, tenta enfrentar as questões reais da prova; e o outro combate com constantes preocupações, previsões e autoavaliações. Algumas pessoas passam da fase defensiva (corpo rígido, punhos cerrados) para a fase de impotência (sensação de desânimo, desmaio, fraqueza...), resposta que sugere uma reação do sistema nervoso autônomo parassimpático.
A ansiedade se apresenta como respostas do corpo frequentemente relacionadas a conflitos internos ou eventos externos. Em particular, a ansiedade é caracterizada pela hiperatividade do sistema nervoso autônomo que as vezes leva ao aparecimento de uma série de distúrbios físicos que, em alguns casos, podem se tornar incapacitantes.
Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os transtornos de ansiedade compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados.
Em muitos casos a psicoterapia — sozinha ou em combinação com fármacos — é a opção terapêutica mais eficaz. Essa fornece os instrumentos para gerenciar, agora e no futuro, a ansiedade sem efeitos colaterais.
A psicoterapia consiste: a) no explorar a ansiedade e as razões que a determinam em modo mais profundo e significativo, b) rever os próprios esquemas habituais de funcionamento e, c) descobrir e desenvolver recursos internos. Não é uma solução rápida, mas um processo único para cada indivíduo.
Várias vezes o maior medo é o de perder muito tempo. Com essa dúvida, as pessoas demoram “uma eternidade” vivendo mal até que a certa altura percebe que é mais conveniente investir tempo para melhorar, do que gastá-lo suportando e torcendo para passar.